CVs: como redigir
Tenta ajustar o teu CV às tuas melhores qualidades
Se tens mais escolaridade e pouca experiência profissional, coloca primeiro a tua formação, idiomas falados, competências informáticas, etc. e só depois apresentas o teu trajecto profissional.
Se tens muita experiência profissional, dá-lhe mais destaque, menciona as funções que executaste, que responsabilidades tiveste, e introduz números. Quantifica o teu trabalho. É hábito nos países anglo-saxónicos, começa agora a ser vulgar também apresentar nos CVs em Portugal.
Exemplo: "responsável por uma equipe de sete elementos"; "atendimento de 70 chamadas por dia"; "abertura de 50 trouble tickets por semana, com uma taxa de execução de 80% em menos de duas horas".
Ortografia e gramática
Um curriculo não deve ter erros de ortografia. Nem de gramática. Nem de pontuação. Se não fores capaz de detectar os erros, consulta um dicionário ou pede a alguém que o corrija. Atenção aos correctores dos processadores de texto. Não são 100% eficazes. O teu curriculo também deve ser fácil de ler. E deve ser perceptível. Quanto mais simples, melhor. Não utilizes frases muito longas. Nem demasiadas vírgulas. São dois vícios recorrentes: hoje em dia muitas pessoas têm tendência para utilizar muitas vírgulas e poucos pontos finais.
A apresentação conta
Não terás uma segunda oportunidade para causar uma boa primeira impressão.
O aspecto gráfico de um CV é importante. Transmite ordem, organização, aprumo. Não abuses dos tipos de letra, nem utilizes letras demasiado difíceis de ler. Se vais enviar o Currículo por email, em formato .doc ou .docx, certifica-te de que utilizas um tipo de letra que esteja presente em todos os computadores, como o Times, o Verdana ou o Arial. Cuidado também com a formatação. Nem todos têm a mesma versão do office ou do open office que tu utilizas no teu pc. Idealmente, envia o teu CV em formato .pdf. O open office, por exemplo, permite gravar documentos directamente em .pdf. Quais as vantagens? O formato .pdf conserva a formatação intacta independentemente do pc onde for aberto e for impresso o documento, e permite que utilizes tipos de letra mais profissionais, que ficam gravados junto com o próprio documento.
Não utilizes caixas, nem demasiados separadores (o melhor é nem os usar), cuidado com as margens: devem ser (de preferência) iguais dos dois lados, e não devem ter - nunca - menos de 2cm. Na maior parte dos casos, até devem ser de 2,5 ou 3cm. Reduz as margens (até aos 2cm) só se tiveres um CV muito longo, para não o tornar ainda maior.
Atenção deve também ser dada ao papel, nos CVs entregues em mão ou por correio. O papel deve ser branco, deve estar impecável, sem vincos nem marcas. Um papel de boa qualidade também é uma mais-valia.
Atenção também à profissão á qual te candidatas. Um currículo arrojado, diferente do comum, resulta em poucas áreas de actividade: publicidade, arte, marketing. Na maior parte dos ramos de actividade a inovação ainda não é assim tão bem vista.
Modelo Europeu
Utiliza só se pedirem. É um modelos de currículo muito rígido, demasiado formal e que é demasiado pormenorizado, o que também faz com que possa tornar-se, com acilidade, demasiado extenso. Uma pessoa que tenha tido três ou quatro empregos acaba por ficar com um CV de três páginas. Já vi CVs com o modelo europeu de pessoas de 25 anos com quatro páginas completas! Não acredito que a maior parte dos técnicos de recrutamento os leiam na íntegra.
Tamanho do Curriculo
Não há necessidade de alongar demasiado o teu CV. Tenta não passar de duas folhas. Por vezes pode até ser necessário depurar um pouco o documento: retirar informação que não seja relevante para o cargo a que te propôes. Há quem mencione todos os seminários a que foi, concursos, torneios, eventos que organizou, etc. Quanto mais material tiveres para adicionar, mais selectivo/a deves ser. E não é relevante dizer que se organizou um torneio de futsal se estamos a responder a um lugar de contabilista, por exemplo.
Não utilizes aquela folha com o título "Curriculum Vitae". É desnecessário. Apesar de os técnicos de recrutamento gostarem de saber que aquilo que estão a ler é, de facto, um currículo, é um bocadinho despropositado utilizares uma folha inteira para escrever apenas duas palavras.
Trajecto profissional
Os técnicos de recrutamento dão particular importância ao trajecto profissional de um individuo. Quem tenha mudado várias vezes de carreira é visto com alguma desconfiança por quem recruta. Porquê? Consideram o candidato uma pessoa inconstante, que não se decidiu, ou que não aguenta muito tempo a fazer a mesma coisa, etc. As pessoas são pouco compreensivas, em Portugal, no que diz respeito às mudanças de carreira ou de actividade. Temos que enfrentar os factos: isso pode constituir um problema. O melhor a fazer é pensares numa boa justificação que pareça plausível para as mudanças de actividade, e que seja à prova de mais criticas, quando fores a entrevista.
Diz-se que não se deve mentir no CV. É verdade. Mas também é verdade que ninguém devia ser descriminado por ter sido empregado de mesa ou empregado de armazém durante períodos em que não encontrou emprego na sua área, a fim de ter sustento. Mas muitos empregadores preferem nem chamar o candidato, se virem que ele teve mais de três actividades profissionais num período de dez anos... Se me faço entender... mentir, não. Mas omitir... para grandes males grandes remédios!
Mentir no Curriculum Vitae
Já que falamos no tema... obviamente que não se deve mentir no CV. Serás apanhado/a, mais cedo ou mais tarde. Nem que seja numa conversa informal com uma colega de trabalho. Ou por um comentário da senhora da limpeza que, por acaso, até é vizinha dos teus pais...
Mas há casos muito especiais, como o que eu referi no ponto anterior, em que se pode omitir. Omitir pode ser uma defesa contra um técnico de recrutamento mais preconceituoso ou menos tolerante para com aquilo que faz a vida das pessoas: necessidade de trabalhar, seja naquilo que for! O curriculum Vitae não é - nem pode ser - um intrumento de censura. Não temos que dizer tudo da nossa vida, logo somos livres de omitir aquilo que não queremos que os outros saibam de nós.
Intromissão na esfera pessoal: demasiada informação no CV
Ainda não chegámos ao ponto em que estão alguns países, em que não é necessário dizer o sexo, a idade ou data de nascimento, nem temos que divulgar números de documentos de identificação. De dados pessoais, só deveriam poder saber o nome, a morada, o telefone e o email. Infelizmente, em termos de recrutamento, estamos muito àquem... por isso, ainda temos de divulgar informação que é - ou deveria ser - completamente irrelevante para a maior parte das empresas que estão a recrutar. Mas o que é que um recrutador tem que saber qual o menu número de BI???? E que tal se também lhe disser o meu número de camisa? Ajuda no recrutamento? E querem saber a nossa data de nascimento, porque isso deve ter mesmo muito a ver com o nosso desempenho profissional, certo? Mas temos de divulgar a data de nascimento... infelizmente!
É proibido, em muitos países, descriminar pela idade, pela etnia, pela religião ou pelo sexo... Em Portugal, é o próprio Estado a dar o mau exemplo, ao fazer descriminação pela idade, so para citar a mais flagrante.
Por isso, em resumo: não vale a pena fornecer demasiada informação a quem coloca um anúncio, que em última instância, são pessoas que nós desconhecemos, nem sabemos o que eles vão fazer com essa informação. Já houve casos de empresas que se apropriaram de informações de candidatos a emprego para criar listagens com interesse comercial.
Fotografia
Só se pedirem ou se fores mesmo fotogénico/a. Acho que é uma intromissão, de qualquer forma. Deveria ser proibido exigir Cvs com foto. Em alguns países, é efectivamente proibido, por conduzir à descriminação.
Períodos de inactividade
Uma coisa que incomoda muito a quem faz selecção de pessoal. Podes ter a certeza de que eles vão fazer as continhas todas dos meses que terás estado parado/a, desde que saiste da empresa A e entraste na empresa B. Qualquer coisa que lhes pareças mais do que um ano é motivo para os alertar. Pensa numa boa justificação para períodos prolongados de inactividade. Tiraste algum curso? participaste em algum projecto de voluntariado? Redigiste uma tese/ escreveste um livro? A desculpa "tirei um ano sabático" não funciona para candidatos com menos de uns 15 anos de trabalho ininterrupto.
Actualizar CV
O teu currículo deve estar actualizado. Opta ainda por actualizar o teu currículo cada vez que tenhas concluído algo de relevante, como um curso, por exemplo. Nunca se sabe se vais precisar de um CV teu de repente. Mantém uma cópia actualizada do teu CV, porque uma nova proposta de trabalho pode surgir a qualquer momento, mesmo que estejas a trabalhar.
Inserir Data
Se quiseres inserir a data no CV, fica sempre bem, mas tem o cuidado de enviares a data em que efectivamente respondeste ao anúncio. Fica mal enviar uma resposta a um anúncio para Julho de 2011 com a data de Outubro de 2009...
Assinar o CV
Se vais enviar um Curriculum Vitae em papel, é de bom toma assinar. Agora, se tiveres um CV assinado e a seguir o fores copiar... mais vale esquecer o emprego. Se quiseres fotocopiar um currículo, tem o cuidado de o fazeres antes de assinar.